Link Ogham: alfabeto celta. |
Por Ávillys d’Avalon.
Ogham (pronuncia-se “ôuan”) é o alfabeto celta com registros desde o ano 600 antes da Era Comum. É bastante conhecido na atualidade pelos druidistas e reconstrucionistas celta. Sua finalidade divide os pesquisadores do assunto: alguns afirmam que ele foi criado para ser uma linguagem secreta velada aos invasores, principalmente os romanos, outros já os denotam caráter ritualístico e celebrativo. Ele também é chamado de “alfabeto das árvores”, pois cada letra / símbolo representa uma árvore sagrada para os antigos celtas.
Além disso,
cabe ressaltar que, de acordo com Bellouesus Isarnos, em sua palestra nos
Encontros com o Druidismo do Rio Grande do Sul (EcD/RS), o alfabeto que chegou
até nós hoje e que é mais comumente utilizado não é a única variação e escrita
possível do Ogham.
Acredita-se
que o Ogham tenha sido um presente do
Deus Ogma – deus da escrita e da eloquência – para a humanidade.
Inicialmente,
ele continha 20 letras (feadha / feda) divididas em 4 Famílias ou Raças (aicme), mas, posteriormente, foi
acrescentada mais uma família de 5 letras – os forfeda – destinada a adequar-se às inscrições em pergaminhos.
O nome das letras oghâmicas é
"fid" (singular) e "feda" (plural) em irlandês antigo.
No irlandês moderno são: "fiodh"
e "feadha" - que são
palavras traduzidas como "madeira" e "bosque".
Encontra-se em grupos com séries
de cinco letras cada, originalmente, e continham apenas as quatro primeiras
séries. A quinta série "forfeda"
tinha os primeiro cinco e depois mais seis letras de sons importados de outras
línguas e que não existiam na língua irlandesa.
A linha central representa o
tronco de uma árvore "flesc"
e os traços, os galhos. Escrito na horizontal, em manuscritos, da esquerda para
a direita e na vertical, em pedras, de baixo para cima (como se escalasse uma
árvore); iniciados pelo símbolo "eite"
(pena) e terminados com "eite
thuathail" (pena invertida). As palavras eram separadas por "spás" (espaço).
As três principais fontes de estudo
do Ogham são os manuscritos irlandeses: Auraicept
na n-Éces (pronuncia: aurikepet na niches), O Lebor Ogaim e o Bríatharogam.
Além da própria vivência pessoal.
"No
tempo de Bres, filho de Elatha rei da Irlanda, o Ogham foi inventado por Ogma, um homem bem qualificado no discurso
e na poesia e foi a partir das árvores da floresta, que os nomes foram dados às
letras do Ogham. As primeiras
inscrições em Ogham datam do século
IV d.C. em torno do mar da Irlanda, onde as inscrições em pedra começaram a florescer
a partir do século V e VI. Sua invenção pode ter uma origem mais antiga,
acredita-se que as primeiras inscrições foram gravadas em madeira ou metal,
sendo assim perecíveis e não sobreviveram aos tempos modernos." - Tratado
ou Trato de Ogham.
O que nos cabe ressaltar no
entanto, é que o Ogham é muito mais
que um mero alfabeto para escrita. Na verdade a escrita era o seu menor uso,
uma vez que ela não era comum entre os celtas até a romanização. O Ogham nos sugere duas outras práticas:
uma mais comum que é seu uso divinatório, o Ogham
Oracular; e a outra pouco falada mas de muito maior importância que é o Ogham como um caminho místico de
desenvolvimento e crescimento tanto mundano quanto espiritual. Dessa forma, seu
uso pode muito bem ser mágico (em um encantamento, poção, ritual) ou ainda
meditativo, instrutivo, vivencial e oracular. Tudo o que existe passa ou possui
as 20 feda do Ogham original. Um bom exercício é pegar um acontecimento
específico e analisa-lo pelo parâmetro do Ogham,
estudando e buscando conhecer cada uma das feda
em cada momento daquela situação a que se estuda.
Se vivenciarmos o caminho
corretamente, deveremos passar por cada estágio da vida seguindo o fluxo do Ogham, da primeira a quarta família, da
primeira a quinta letra em cada família, completando exitosamente o percurso da
vida: infância, adolescência, vida adulta e velhice.
Meditar e buscar o Ogham como forma de se harmonizar a fim
de conseguir superar ou vencer em uma determinada situação é sempre válido. O Ogham traz consigo a sabedoria e o poder
das árvores celtas, uma maneira prática de ativá-lo é entoar o nome de cada fid como um mantra, ou canto harmônico,
a fim de evocar sua energia ancestral, mágica e poderosa para aquele momento ou
situação.
Enfim, o uso do Ogham é variado. O que apresento aqui é
um pequeno resumo do estudo que eu mesmo fiz a respeito do Ogham, mas recomendo que se aprofunde sobre cada fid a fim de compreender melhor seu
significado e uso. Recomendo muito os artigos do Templo de Avalon sobre as quatro primeiras famílias, e o artigo sobre os forfeda.
As feda do Ogham:
Aicme Beithe (Família da
Bétula):
É o começo,
a infância, o descobrimento.
Beith (“bé”) – Bétula – B:
Nascimento. Inícios. O começo de tudo em um ciclo sem fim. Indica grandeza, flexibilidade,
sobrevivência, abertura para o novo, os novos caminhos e poucas expectativas.
Requer foco e concentração. É o banimento do negativo em si mesmo. A bétula é o
começo de todas as coisas.
Luis (“luish”) – Sorveira Brava – L:
Visão. Honra. Proteção. Abnegação. Dedicação. É a percepção material do que
está ao seu redor, a devoção a algo maior. Indica sucesso material e é
apropriada para as buscas e batalhas, mesmo que duras. Requer autoconfiança,
força e autoconhecimento. A sorveira é a visão que se abre a todas as coisas.
Fearn (“fiarn”) – Amieiro – F:
Proteção. Avanço. Determinação. Vigilância. Precaução. O amieiro fala da
singularidade de cada um, da justiça na equidade, no beneficiar outro e atuar
como ligação. Indica avanço, vitória e proteção. Requer altruísmo,
determinação, ousadia e noções aguçadas. É preciso que deixe a intuição falar e
que aja com altruísmo e ousadia. O amieiro é a proteção que nos permite
caminhar.
Sail (“sále”) – Salgueiro – S:
Magia. Mistério. Transformação. Morte. Ancestralidade. O salgueiro é a árvore
dos talentos, do crescimento pessoal, do aflorar da inteligência e da intuição.
Indica autoconhecimento, inspiração, criatividade e talentos. Requer libertação
da dor e do passado, amadurecimento e olhar para dentro de si mesmo. Requer
também percepção, amadurecimento, compreensão e calma. É o crescimento (mais
interior do que físico) e a conexão com as coisas já postas, nosso lado
intelectual, criativo, meditativo e psíquico. O salgueiro é a conexão com si
mesmo.
Nion (“nían”) – Freixo – N: Conexão
com os Mundos. Destino. Evolução. Compreensão. Consciência. É a Árvore do
Mundo, a lei e o inevitável. Representa algo maior que existe nas pessoas, com
as pessoas e para além das pessoas. É a consciência de si como um microcosmo
inserido no cosmo. Tudo está interligado. Indica conexão e o destino (Dán). Requer consciência e equilíbrio,
aceitar ajuda e ver as coisas com mais amplitude. O freixo é a consciência que
transcende o ser.
Aicme hÚatha (Família do
Espinheiro Branco):
É a
adolescência, o desbravamento e as iniciações.
hÚath (“huá”) – Espinheiro Branco –
H: Teste. Descobertas. Dor. Sátira. Superação. O espinheiro branco é a certeza
de que se pode superar os obstáculos com estratégia, é o merecido repouso e o
júbilo após os testes e dificuldades do dia a dia. Mas também é o encontro
feérico. E, por isso, é o inesperado, a fertilidade, a sexualidade. Requer
cautela, proteção, defesa, perspicácia e cuidado com a saúde física, mental e
espiritual. Induz a uma vida saudável, ao riso e à sátira das más situações, a
superação das provações com estratégia. Estimula a vidência e a purificação. O
espinheiro branco é o enfrentar o mundo.
Dur (“dúr”) – Carvalho – D: Honra.
Força. Perícia. Estabilidade. Sabedoria. Ação. O carvalho é o rei das árvores
por ser a mais antiga e madura. Representa as habilidades difíceis de se
conseguir e é a atuação no mundo. Requer estabilidade, solidez, força, honra e
perícia. Representa a nobreza, os valores e a sabedoria. Indica estabilidade e
conhecimento tático. A diplomacia também é uma habilidade honrada. O carvalho é
a autoridade, a força, a honra e a sabedoria que só se aprende na prática.
Tinne (“tchínia”) – Azevinho – T:
Vitória. Justiça. Transformação. O meio termo. Instinto. Vitalidade. O azevinho
é o terceiro caminho que se abre; vincula e equilibra os opostos binários. É a
causa justa a ser ganha e o afirmar-se no mundo. Representa a luta justa e o
caminho do meio. Indica conflito, coragem e vitória. Requer ponderação,
escolhas informadas, equilíbrio, justiça e esforço. O azevinho é o colocar-se
no mundo e fazer dele o seu lugar.
Coll (“câll”) – Aveleira – C:
Intuição. Inspiração. Sabedoria. Ligação ancestral. Doçura. Humildade. A
aveleira é o arauto que aponta para algo maior do que ela, e mesmo assim
estimula os outros com sua sabedoria humilde. É a sabedoria do cotidiano,
suave, serena e profunda. Indica uma sabedoria essencial, familiaridade,
humildade, conhecimento, conforto, exemplo e doçura. Requer reflexão,
contemplação, autoavaliação, paz e humildade. A aveleira é a inspiração pura
que nos infla e nos move suavemente.
Quert (“qüert / kyert / kert /
keirt”) – Macieira – Q: Beleza. Amor. Inspiração. “Divina loucura”. Sexo.
Êxtase. Escolha. Prazeres. É a Árvore do Conhecimento. Simboliza a segurança na
viagem ao Outro Mundo e está vinculada aos sídhe
e a inspiração vinda deles. É a loucura e a sanidade, o amor, o sexo e os
prazeres. Indica encanto, amor, juventude, beleza, bênçãos, prazeres e a vida
eterna. É os divinos prazeres do mundo e as alegrias humanas. Mas requer foco,
escolha e determinação. A macieira é o desenredar das paixões e do amor.
Aicme Muine (Família da
Videira):
É a vida
adulta, a responsabilidade e o conquistar da maturidade.
Muin (“mun”) – Videira – M: Força. Profecia.
Desejo. Trabalho. Tecedura. Obstinação. Caos. Discórdia. Confusão. A videira
fala da força interior e do poder do domínio e do controle da situação. Indica
força e necessidade de ouvir sua real e profunda intuição, seu interior.
Representa a adequação às situações a compreensão do passado e a tecedura do
futuro. Requer força de vontade, compreensão e foco. É preciso que se deixe
nosso interior falar e que o dê atenção ao invés de sempre buscar a razão de
tudo. A videira é a força interior e os presságios da vida.
Gort (“Górt”) – Hera – G:
Abundância. Conhecimento. Chamado. Desapego. Sociabilidade. Realização.
Plenitude. Dependência. A hera é a força da abundância que se espalha e um
lembrete à responsabilidade para que nada saia do controle. Indica um chamado e
a realização dos projetos e sonhos. Requer conhecimento e conexão com as coisas
a sua volta e a si próprio. É a perda das inibições e a destruição dos
obstáculos e falsidades. A hera é a felicidade que se projeta para quem sabe
vive-la.
nGétal (“niétal”) – Junco – nG: Cura.
Restauração. Purificação. Limpeza. Harmonia. Flexibilidade. O junto é flexível
e usado para tarefas domésticas e ordinárias, por isso está relacionado a
limpeza e o colocar ordem sobre o caos. Indica cura e limpeza. Requer
flexibilidade, foco, ir direto ao ponto, virtude, investigação. São os
processos de cura, limpeza e renovação – inclusive físicos: como aventuras,
férias e viagens. É a capacidade de se por ordem no caos. É a cura e a ordem, o
equilíbrio entre nossos excessos e faltas. O junto é o que deve ser feito.
Straiph (“stáf”) – Espinheiro Negro –
Z, St, Ts, Ss: O inevitável. Sacrifício. Luta. Negação. Morte. Destino.
Mudança. Dor. Amargura. Ressentimento. Ciúmes. Ódio. Ferida que envenena a
alma. O espinheiro negro é as situações que não podemos evitar e que precisam
ser vividas. É o vincular-se a um projeto maior que a si mesmo e um caminho que
nos controla. Indica passagem por situações desconfortáveis e incontroláveis.
Requer autossacrifício e tomada de decisões. O espinheiro negro é o enfrentar
das consequências.
Ruis (“rúch”) – Sabugueiro – R:
Penitência. Morte. Renovação. Términos. Vergonha. Recomeço. Maturidade.
Reconciliação. Aceitação. O sabugueiro é a renovação da desonra e da vergonha,
é o fim e início de um ciclo, é a transformação, a punição e o aprendizado e a
reintegração. Indica términos, renovação, vergonha. Requer penitência,
aceitação, aprendizado e maturidade. É a reconciliação e a recuperação da
honra. O sabugueiro é o acerto de contas com o passado.
Aicme Ailme (Família do Abeto / Pinheiro):
É a velhice
bem vivida, a sabedoria e o contato espiritual.
Ailm (“ahl-m”) – Abeto Prateado /
Pinheiro – A: Visão. Sabedoria. Cura interior. Música. Respeito. Consciência.
Euforia. Admiração. Aprisionamento. Opressão. Solidão. Medo. O pinheiro é a
árvore da visão, com sua altura pode ver todo o horizonte, enxergar os
problemas e tudo aquilo que chega. Indica sabedoria, vidência, contemplação do
seu redor. Requer cautela e planejamento. Representa o festival de Yule. O pinheiro é a visão e a sabedoria
para além das aparências.
Onn (“uhn”) – Tojo – O:
Fertilidade. Paz. Sexualidade. Movimento. Eloquência (sabedoria e tolice).
Recebimento. Fim da busca. Divisão do conhecimento. Talentos. Proteção. Perigo.
Complicações. Embaraço. O tojo é uma árvore flexível de fácil polinização pelas
abelhas. Por isso indica fertilidade e sexualidade. É o fim do caminho e a
conquista dos sonhos. Requer abnegação e que se reparta aquilo que foi
acumulado. Representa o festival de Ostara.
O tojo é o dividir-se com o mundo e o êxito no caminho.
Úr (“oor”) – Urze – U: Cura. Amor.
Conhecimento. Aceitação. União. Ilusão. Desejo. Conflito. Manipulação. A urze é
a planta que nos pede para olharmos dentro de nós mesmos a fim de nos encontrarmos
e nos curarmos. Seu néctar é alimento dos Deuses e ela nos fala da busca
espiritual e do encontro com o amor verdadeiro. Indica cura (física e
espiritual), amor, união, espiritualização. Requer dedicação, aceitação das
coisas. É preciso olhar para dentro de nós mesmos a fim de nos curarmos e
elevarmos. Representa o festival de Litha.
A urze é a cura que vem do autoconhecimento.
Eadhadh (“eh-wah”) – Choupo / Álamo
Tremedor – E: Orientação. Prevenção. Julgamento. Batalha espiritual. Proteção.
Coragem. Vitória sobre os desafios. Medo. Dúvida. O choupo é uma árvore que
farfalha facilmente ao vento, nos trazendo mensagens divinas e, por isso, está
ligada à divinação. Seus galhos se dobram e resistem aos ventos. Indica vitória
sobre os desafios, orientação e prevenção. Requer coragem, foco, fortificação.
Todo desafio pode ser vencido. Representa o festival de Mabon. O choupo é a coragem para enfrentar os desafios.
Iodhadh (“ee-yoh”) – Teixo – I: Morte.
Renascimento. Conhecimento ancestral. Tradição. Longevidade. Sabedoria da
idade. Transição. Portal para o Outro Mundo. Dor. Estagnação. O teixo é a
árvore que representa o conhecimento tradicional, ancestral e, portanto, o
druidismo. É uma árvore forte e longeva cujos buracos em seus troncos velhos são
considerados portais para o Outro Mundo. Indica uma transição a ser feita, a
sabedoria da idade, a morte e o renascimento. Requer abnegação, mudança e
aceitação. É preciso que passemos adiante o que sabemos e deixemos ir o que
precisa ir. Representa o festival de Samhain.
O teixo é a transição e o contato com o Outro Mundo.
Forfeda (as letras adicionais):
É o trato mágico
a ser desenvolvido.
Éabhadh (“ah-vah”) – Álamo Branco – Ea:
Domínio da natureza. Imersão no sagrado. Conhecimento sobre o passado, presente
e futuro. Representa o festival de Imbolc.
Representa Awen. O álamo branco é o
domínio.
Ór (“ór”) – Evômino – Oi: Doçura,
encanto, inspiração, inteligência repentina, “insght”. Sídhe (fadas) e
relações com os sídhe. Representa o
festival de Beltane. Representa os sídhe. O evômino é a magia das fadas.
Uillean (“ihl-lân”) – Madressilva – Ui:
Um segredo escondido. Mistério. Algo a ser desvendado. Recebimento do que é
devido. Representa o festival de Lughnasadh.
Representa o Destino (Dán). A
madressilva é aquilo que ainda não pode ser revelado.
Ifín (“ifín”) – Groselha – Io:
Conhecimento antigo. Flexibilidade. Entender o passado para entender o presente
e o futuro. Representa o Festim de Tara. Representa os antepassados. A groselha
é o conhecimento histórico.
Eamhamcholl (“ah-vancohl”) – Hammamelis –
Ae: Águas e mar. Proteção. Viagem. Purificação e limpeza espiritual. Intensificação.
Renascimento. Representa o festival de Samhain.
Representa os Deuses. O hammamélis são as jornadas que o mar nos permite fazer.
A Janela de Fionn:
Bellouesus
Isarnos aponta para a Janela de Fionn como uma construção de influência
pitagórica sobre os celtas, explicando toda uma matemática da sua constituição.
Mas não entraremos nessa rica discussão aqui.
Uma
associação mais mística vem com a conceituação trazida por João Eduardo
Schleichuberti em sua palestra sobre a mística celta no VI EBDRC. É possível
entendermos que os círculos demonstre conhecimentos ou regência de cada letra
sobre um aspecto, indicando um caminho linear – perpassando cada fid de cada família –, ou espiralado –
perpassando todas as feda de cada
aspecto –, rumo a conexão sagrada, rumo ao sagrado. Desse modo, indo do círculo
mais externo para o mais interno, temos a seguinte relação: o primeiro círculo
representa o aspecto natural; o segundo círculo o aspecto poético; o terceiro, filosófico;
o quarto, divinatório; e o quinto, druídico. Os forfeda, no entanto, deveria estar localizado no centro,
representando o domínio e a soberania; mas como são letras adicionais, foram
adicionados esteticamente no segundo círculo.
Além disso, a disposição das famílias representam também as quatro províncias irlandesas e assim, quatro (cinco com o centro) quadrantes.
A Aicme Beithe (Família da Bétula) representa o primeiro quadrante, o Norte, e por isso a província de Ulster, que representa a Batalha, ou seja, os aspectos negativos que podem nos gerar dificuldades.
A Aicme hÚatha (Família do Espinheiro Branco) representa o segundo quadrante, o Leste, e assim a província de Leinster, que representa a Prosperidade, ou seja, as riquezas materiais, os aspectos profissionais e práticos.
A Aicme Muine (Família da Vinha) representa o terceiro quadrante, o Sul, e por consequência, a província de Munster, que representa a Música / Arte, os dons, as habilidades, os prazeres e as emoções e sentimentos.
A Aicme Ailme (Família do Pinheiro) representa o quarto quadrante, o Oeste, a província de Connacht, que representa a Sabedoria e o Conhecimento, os aprendizados, os estudos e as lições.
Por fim, os Forfeda – como já dito – foram colocados a posteriori na Janela de Fionn e, possivelmente por uma questão estética, ocupam o segundo círculo, entre os quadrantes. Contudo, Marcela Badolatto também salienta que seu local mais indicado, provavelmente, é o centro (Mide), simbolizando a Soberania e o Domínio, simbolizando nosso ego, dignidade e percepção pessoal.
Desse
modo, a Janela de Fionn ultrapassa um tabuleiro de jogos, e uma cartilha alfabética.
Ela indica um caminho a ser traçado rumo a nossa evolução terrena e espiritual.
Você deve trilhar e evoluir espiritualmente em cada família, primeiro superando
os obstáculos (as batalhas) dos campos naturais, poéticos, filosóficos, divinatórios
e druídicos. Fazendo o mesmo com a prosperidade que você conquista. Depois o
mesmo com seus talentos e emoções. E por fim, angariando conhecimento sobre
cada um desses aspectos. Em sequência a essa evolução linear. O caminho a ser
atingido é o espiral quando você se foca no aspecto e perpassa pelos
quadrantes: as batalhas naturais, a prosperidade natural / física, os talentos
naturais, o conhecimento natural. Iniciando a dificuldade poética, a conquista
poética, a vivência poética e a compreensão poética. Indo para a complexidade
filosófica, descobrindo as possibilidades filosóficas, vivenciando a filosofia
e compreendendo a filosofia. Começando com as dificuldades divinatórias, descobrindo
seus métodos e utilidades, vivenciando sua prática e o contato com os Deuses,
compreendendo sua profundidade. E por fim, lidando com as batalhas druídicas,
com a prosperidade druídica, alcançando a conexão e a compreensão do mundo. O
que levaria a alcançar então a soberania e o domínio.
Na
primeira vivência, linear, você alcança o domínio sobre si mesmo e se torna
apto a ajudar os demais. Na segunda vivência, espiralada, você alcança o domínio
sobre o mundo, e torna-se apto a espiralar para fora, levando sua conquista aos
outros ramos e aspectos do mundo. Cabe ressaltar que só é possível fazer esse
caminho dessa forma, primeiro linear, depois espiralado. E que deve-se atentar às
peculiaridades de cada fid, sua sequência
e seu desenvolvimento é fundamental para o êxito.
Esse
não é um caminho fácil, muito menos rápido. É um caminho de vida. Que nos
permite pensar na Janela de Fionn como uma janela para nós mesmos, uma janela
para alma, e uma janela para a compreensão profunda e a sabedoria.
Sugestões de Leitura:
ISARNOS, Bellouesus & SENEWEEN, Rowena A.. Ogham [20 artigos sobre as 20 fedha] IN Templo de Avalon. Publicados entre 22/10/2012 e 13/08/2013, disponíveis em: <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/category.php?categoryid=24>.
YBYRAPYTÃ, Ëldrich Hazel. Ogham e o Símbolo das Fedha In Templo de Avalon. Publicado em 13/12/2009, disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/articles/article.php?id=55>.
Referências:
BADOLATTO, Marcela. Ogham com método divinatório [palestra] In VI EBDRC. Circulação interna, Curitiba: 2015.
CIEJD. Oona e o Gigante – um conto irlandês In eurocid. Disponível em: <http://www.eurocid.pt/pls/wsd/wsdwcot0.preview?p_sub=55&p_cot_id=6142&p_est_id=12820>.
ISARNOS, Bellouesus & SENEWEEN, Rowena
A.. Ogham [20 artigos sobre as 20 fedha] IN Templo de Avalon. Publicados entre 22/10/2012 e 13/08/2013,
disponíveis em: <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/category.php?categoryid=24>.
ISARNOS, Bellouesus. Sobre o Renascimento 1 In Bellodunon [blog]. Publicado em:
10/01/2013, disponível em: <http://bellodunon.com/2013/01/10/sobre-o-renascimento-1/>.
________________________. Ogham I – Introdução. 3º
EcD/RS, circulação interna: 2015.
Schleichuberti, João Eduardo. Elementos Místicos do Druidismo e sua interconexão e uso prático [palestra] In VI EBDRC. Circulação interna. Curitiba, 2015.
SENEWEEN,
Rowena A.. Estudos do Ogham – Introdução
In Templo de Avalon. Publicado em
23/10/2012, disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?itemid=97>.
YBYRAPYTÃ,
Ëldrich Hazel. Ogham e o Símbolo das
Fedha In Templo de Avalon. Publicado em 13/12/2009,
disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/articles/article.php?id=55>.
[1] Fionn é um dos clássicos
heróis celtas cujas lendas dão origens e fins variados a sua personalidade. Em
todas ele se mostra um brilhante líder, hora humano, hora uma fada.