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Por Ávillys d'Avalon.
De acordo com o sistema Barddas[1], há para os celtas
três níveis de manifestação, ou de existência, e através desses, três mundos. Abred,
Gwynfyd
e Ceugant.
Ou seja, a existência física e humana, a divina e a espiritual ou essencial.
O
primeiro mundo, considerado de o Mundo inferior ou abaixo para alguns, ou o
mundo central e original para outros, é correspondente ao Círculo de Abred. O Mundo das Manifestações
materiais e físicas.
Abred
se divide em três níveis: Annwn, o
Abismo Primordial, onde todas as coisas nascem, de onde a vida emana, ainda
inconsciente. Gobren, a Injustiça ou
Provação, onde a vida que se originou em Annwn
passa por todos os tipos de provações e descobre seu destino ou caminho até o
próximo estágio. Kenmil, a Crueldade,
onde a vida que se originou em Annwn,
aprendeu sobre si e a reagir em Gobren,
ganha sensibilidade, emoções.
Esses
três níveis, muitas vezes está associada aos reinos mineral, vegetal e animal,
mas ultrapassam essa noção na escala espiritual.
Abred é regido por Ankou, a Fatalidade ou o Destino, que nada mais é do que a
manifestação de Ank, o Mundo.
Dessa
forma, a vida que se origina inconsciente percorre um caminho de provações a
fim de tomar sua máxima consciência, adquirindo, por fim, a sensibilidade que
traz consigo as emoções e sentimentos. Essa é a escala evolutiva celta no que
concerne a realização do primeiro círculo das manifestações, destinado
vinculado à manifestação material. Abred
é o mundo em que nos encontramos, e indica nossa superação e aperfeiçoamento
espiritual, buscando a iluminação, ou a consciência pura.
A
visão celta desse mundo, portanto, é uma visão de provação e testes, de domínio
e superação de seu eu mais primordial e profundo. É no Círculo de Abred que se é colocado em jornada
evolutiva, construtiva e profunda. A vida surge do abismo, do profundo, emana
dele. Emana do escuro, do vazio. Mas apenas as provações podem dar a ela
consciência, manifestação, destino. É na crueldade (que só pode ser conhecida
através dos sentimentos) que a vida é levada a tomar consciência e superar-se
profundamente, alcançando a iluminação.
A
crueldade aqui não é entendida como um estímulo a práticas consideradas cruéis,
mas sim como a superação da crueldade natural do mundo terreno, das provações
da vida e do mistério das origens.
O
segundo círculo, é o círculo branco, o Círculo Gwynfyd. Esse é o círculo
do lar divino, das divindades e daqueles que alcançaram a iluminação, que
superaram o Círculo de Abred. Após a
morte, somos levados a ascende ao Círculo de Gwynfyd ou a retomar a tentativa passando novamente pelos três
estágios de Ankou no Círculo de Abred. E assim sucessivamente até que
alcancemos Gwynfyd.
Por
vezes, essa noção aparece vinculada aos Três Reinos clássicos da mitologia
irlandesa, em que Abred é descrito
como o Reino Abaixo (Tír Andomain),
vinculado ao Mar, que se estende pelas profundezas. Ank é o mundo, a terra, a Terra Média (Bith), onde vivemos nossa fatalidade (Ankou) ou nosso Destino. E Gwynfyd
é o Reino Celestial (Mag Mór), acima.
Onde encontram-se os Deuses, a Grande Planície e a Terra da Promessa. É comum
na mitologia irlandesa a descrição de que os Deuses chegam a esse mundo em
barcos que voam.
O
terceiro círculo, no entanto, é o Círculo de Ceugant, o Mundo Vazio,
onde se encontra a Existência Primordial, a essência de todo o cosmos celta. É
um mundo em que ninguém pode estar, é lar exclusivamente espiritual, onde todos
os opostos estão reunidos (ser/não-ser, vida/morte, luz/trevas). O fato de não
haver existência “consciente” ou física nesse mundo se dá pelo fato de que
ninguém pode ser e não ser ao mesmo tempo, está vivo e morto ao mesmo tempo. Ceugant, muitas vezes é descrito como o
Centro do Mundo, de onde todas as coisas emanam. Ou, também é descrito, como o
último estágio de evolução, a absoluta transcendência
Esses
Círculos também estão manifestados na Cruz Celta, que comumente possui um
círculo central: Ceugant; um círculo
intermediário: Gwyfyd; e um círculo
externo: Abred. Assim, a vida é originada
e levada a percorrer os quatro caminhos da existência marcado pelos quatro
grandes festivais (Samhain, Imbolc, Beltane, Lughnasadh) até
alcançar o estágio de Ceugant.
Mostrando que o processo de vida, morte e renascimento é cíclico e perpétuo nos
dois círculos externos.
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Referências:
____. Druidry in Pagan Federation International, New Zeland
(Aorearoa). Disponível em: <http://nz.paganfederation.org/druidry.php>,
acessado em 14 nov. 2016.
ISARNOS, Bellouesus. Os Três Círculos da Manifestação in: Bellodunon. Disponível em: <https://bellodunon.com/2014/06/24/os-tres-circulos-da-manifestacao/>,
acessado em 14 nov. 2016.
SCHWARZ, Fernando. Druidas – os sacerdotes celtas in Nova Acrópole. Disponível em: <http://www.nova-acropole.pt/a_druidas.html>,
acessado em 14 nov. 2016.