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Por Ávillys d’Avalon.
Diferente
da concepção grega comum nos dias de hoje sobre os Elementos da Natureza, os
celtas alegavam a existência de três elementos naturais: Nwyfre, Calas e Gwyar, respectivamente sopro / vento,
terra e mar / água. O fogo então se torna a representação e materialização de Awen (ou Imbas). Uma razão para esse fato é de que o fogo transmuta,
transforma e conduz os outros três elementos, assim sendo ele é muito mais que
um elemento, mas a manifestação do fogo divino primordial: Awen.
O
primeiro elemento é Nwyfre, o sopro,
o vento. Nwyfre é o elemento
celestial, é o Ar. A ele se relacionam às coisas do Reino do Céu. Dessa forma,
as coisas regidas por Nwyfre se nutrem da inspiração e dos dons divinos. É o
elemento responsável pelo sopro de vida e pela manutenção da vida.
O
segundo elemento é Calas, a terra. Calas é o elemento terreno, é a própria
Terra onde se pisa. A ele se relacionam as coisas do Reino da Terra. As coisas
regidas por Calas tendem a ser firmes, sólidas, buscam e proporcionam sempre sustentação.
É o elemento responsável por da base e sustento a tudo.
O
terceiro elemento é Gwyar, o mar, as
águas. Gwyar é o elemento marítimo, é
a Água. A ele está relacionado a condução, os sentimentos e emoções e as
jornadas. É o elemento portal que possibilita o acesso e a viagem a outras
terras (inclusive as divinas). Também é o elemento que traz a intermediação,
pois o mar não é tão sólido quanto a terra e nem ar como o vento. É o elemento
responsável pelas emoções e pelas jornadas.
Há
um pouco de cada elemento em todas as coisas, mas essencialmente, cada pessoa,
cada ser, cada coisa é predominada por um ou outro elemento (independente do
elemento astrológico de regência). Reconhecer seu elemento e trabalha-lo é uma necessidade
primordial como maneira de afinar-se no mundo e entender seu papel nele.
Pessoas
de elemento Nwyfre são mais dadas a
inspiração, buscam suas práticas do coração e não dos estudos que fazem. Confiam
cegamente em sua intuição e no seu eu interior para tudo. Se mostram mais
voláteis a mudanças e a tomadas de decisão e tendem a ser bem imediatistas em
suas reações.
Já
pessoas de elemento Calas são muito
centradas, coesas e dedicadas aos estudos. Estudam muito e analisam muito algo
antes de praticar e só tomam suas decisões após muito tempo de análise.
Costumam ponderar de mais as coisas antes de atestar sua confiança ou
posicionamento. São muito estáveis em suas decisões e no que querem da vida e
não costumam demonstrar sempre o que sentem ou pensam. Costumam ser mais
analisadoras e introspectivas.
Por fim,
pessoas de elemento Gwyar atuam no
meio termo. Ao mesmo tempo que pesquisam e estudam suas ações e práticas,
também ouvem sua intuição e modelam as práticas de acordo a conciliar as duas
coisas: nem só estudo, nem só intuição. Igualmente são voláteis e estáveis e
passíveis a mudanças de humor. São facilmente conduzidas por pessoas que
demonstrem mais sabedoria, mas igualmente conduz aqueles que buscam aprender
com ela. Costumam ser pessoas sentimentais ou emotivas.
É
necessário que reconheça e trabalhe seu elemento a fim de melhor afinar sua
relação consigo mesmo no trato de magia. Mas, acima de tudo, é necessário que
se atente aos perigos: a volatilidade do ar, o emocional da água, e o excesso
de centralidade da terra. Trabalhar os elementos é entender que tudo está
conectado e nesse passo, é preciso que também se conecte e aceite as
influências dos demais elementos para aprimorar e melhorar que você é.
Conduzindo
os três elementos está Awen (gaulês)
ou Imbas (irlandês), a conexão
sagrada de tudo. Awen é o fogo
sagrado que queima na frente da Árvore do Mundo. É a mais pura magia e a
conexão sagrada com todas as coisas. É o fogo que queima na testa dos artistas,
é a inspiração sagrada que guia os Druidas. É a magia primordial e de onde toda
magia e toda a vida vem. Awen é o Fogo.
E
o fogo transmuta a terra, transforma a água, conduz e consome o ar. Ou seja, o
fogo é aquele que transmuta a existência, transforma os sentimentos e os
purifica, e absorve o divino, alimentando-se dele. Por essa razão, todo fogo é
a expressão e a manifestação de Awen.
Alcançar Awen, seria como alcançar o Nirvana, é a
meta de todo druida. Mas é algo gradual. O estágio de conexão e comunhão com Awen possibilita o transe e a
transcendência espiritual também como manifestação corpórea, possibilitando que
a pessoa transcenda sua existência, conectando-se com tudo e se aprofundando em
mistérios muito além do mencionável. A conexão com Awen transcende a espiritualidade.
Oração de evocação dos
elementos:
“Eu respiro Nwyfre e por ele sou conduzido(a).
A força e inspiração dos Deuses
estão comigo.
Eu ando sobre Calas e por ela sou sustentado(a).
Eu tenho comigo a alegria das
fadas.
Gwyar me rodeia e me preenche,
Através dele eu faço minha
jornada.
Awen é meu espírito,
E com ele também sou sagrado(a)
nessa morada.”
Música indicada para meditação com Awen, clique aqui.
Sugestões de leituras:
Seneween, Rowena A. O que são os 30 dias druídicos In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?itemid=51>.
Referências:
Schleichuberti, João Eduardo. Elementos Místicos do Druidismo e sua interconexão e uso prático [palestra] In VI EBDRC. Circulação interna. Curitiba, 2015.
Seneween, Rowena A. 2º Dia: Cosmologia In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?
_________________. 4º Dia: Três Reinos In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?itemid=55>.
_________________. 13º Dia: Inspiração In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?itemid=64>.
Ybyraptã, Ëldrich Hazel. Awen e a Tradição Oral dos Druidas In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/articles/article.php?id=117>.