quarta-feira, 30 de março de 2016

Os Caldeirões da Poesia

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Os Três Caldeirões da Poesia: o Caldeirão do Aquecimento, o Caldeirão do Movimento e o Caldeirão da Sabedoria.

Por Ávillys d’Avalon.

Para os celtas, os Coiri Filidechta (Caldeirões da Poesia) são parte componentes de todas as pessoas, e representam nossa missão terrena e espiritual nesse mundo.
            
Três são os Caldeirões que nos compõem: Coíre Goiriath (o Caldeirão do Aquecimento), Coíre Érmai (o Caldeirão do Movimento) e Coíre Sois (o Caldeirão da Sabedoria).

Coíre Goiriath fica localizado no ventre, ou na barriga, é o caldeirão que serve de receptáculo de Dán (nosso dom, destino, nossa canção ou poesia interior é o Dán que confere Brí ao indivíduo). Graças a esse caldeirão estamos vivos e atuantes. Ele nasce em todos os indivíduos virado para cima e cheio. Mantê-lo cheio e virado é o que nos mantém vivos, por isso está vinculado ao mundo físico e a nossa saúde.

Coíre Érmai fica localizado no peito, é o caldeirão que serve de receptáculo para o Brí (nossa essência, nosso vigor, nossa energia). Esse caldeirão está ligado a nossa missão terrena, aos nossos sentimentos, nossas sensações. É aquilo que devemos lidar e aprimorar. Afinal, Brí é um poder inerente que pode ser aprimorado ou atrofiado. Essa caldeirão nasce lateralmente, parcialmente preenchido por Brí. É nossa missão desvirá-lo para a posição correta e enchê-lo totalmente.

Coíre Sois fica localizado sobre a cabeça, é o receptáculo de Bua (nossa vitória, mérito, honra, dignidade e sabedoria). Esse caldeirão está ligado a evolução ou aprimoramento que devemos buscar alcançar. Ele representa nossa elevação humana e espiritual, nossa sabedoria muito mais que conhecimento. Bua pode ser ganhado ou perdido de acordo com nossas ações. Esse caldeirão nasce totalmente de cabeça para baixo e vazio, é nossa função desvirá-lo totalmente e enchê-lo.

Coíre Goiriath está, portanto, relacionado ao nosso físico primordial, o que nos forma como seres viventes desse mundo. Trabalhamos ele ao mantermos nossos ossos firmes, nossa carne sadia e forte e nosso cabelo e pele saudáveis e atuantes como antenas, como sensores. Ele nos confere nosso dom inicial, nosso poder pessoal, nossa força vital, nosso Dán; e fabrica nosso Brí, nossa energia. Esse caldeirão precisa ser mantido corretamente virado e cheio.

Coíre Érmai está relacionado ao nosso lado fluído, mas essencial a vida. Por isso é regido pelas nossas emoções e fala de nossa tarefa nesse mundo. Nos ensina que precisamos nos aprofundar em nossa sensação, em nosso eu interior, nas nossas emoções. Sua indicação como movimento é a ideia da fluidez das coisas. Precisamos manter nossa mente sã, nossas emoções compreendidas e não omitidas, e ter cuidado com o que absorvemos e enviamos. Esse caldeirão precisa ser colocado na posição certa e completado.

Coíre Sois está relacionado a nossa meta, nosso objetivo, nossa iluminação, por assim dizer. É a aquisição de sabedoria. Está relacionado com nossas decisões, nossa personalidade, nosso foco. É preciso entendermos mais sobre nós mesmos e desenvolver mais da capacidade que temos em todo o conjunto que chamamos de cabeça. Esse caldeirão precisa ser totalmente desvirado e enchido.

Se Coíre Goiriath está relacionado a Terra e a Calas, nos indica que sua manutenção também está relacionada a habilidades desse reino e elemento: solidez, estabilidade. E já nos fala daqueles que podem nos ajudar nisso: os sídhe (as fadas). Aprender com os sídhe que conhecem melhor essa existência do que nós mesmos, é ajudar-nos a manter o Caldeirão do Aquecimento, sempre cheio, pois disso depende o trabalho dos demais caldeirões. Esse caldeirão é repleto de Dán, que é nosso dom, nosso destino e força vital. Aceitar quem somos e nossa missão é parte indispensável para manter Dán produzindo Brí, que encherá o próximo caldeirão.

Coíre Érmai está relacionado ao Mar e a Gwyar, nos fala que sua manutenção está relacionada ao reino e elemento Mar: fluidez, movimento, emoções. E quem poderia nos ajudar nesse processo são os Ancestrais. Nossos antepassados que deixam conosco uma carga enorme de experiência e aprendizado em vida, que devemos aprender e recorrer a eles para lidar com nossas emoções. Dar voz a experiência e busca-la sempre e também buscar o afeto, o carinho que nos liga com os que já se foram. Contudo, precisamos que Coíre Goiriath esteja cheio, e corretamente posicionado para que, com nosso trabalho e desenvolvimento, do Caldeirão do Movimento possa acontecer. É nosso dever desvirar esse caldeirão e preenche-lo com Brí. Enchido com Brí, começar-se-á a produzir Bua, nossa honra, sabedoria e dignidade. Que será indispensável ao próximo caldeirão.

O Coíre Sois, por sua vez, está relacionado ao Céu e a Nwyfre, e sua manutenção está relacionado a esse reino e elemento: através da inspiração e condução. Nossos ajudantes nesse processo são os Deuses, que são nossos grandes mestres e mentores, nos inspirando e conduzindo pela vida. Entretanto, para começarmos a trabalhar esse caldeirão, é preciso manter os dois outros alinhados, e totalmente preenchidos por Dán e Brí, para que Bua comece a ser produzido. Mas não adianta apenas produzir Bua, é nossa função ainda antes desvirar totalmente esse caldeirão para que ele possa ser um receptáculo de Bua. A mensagem que nos fica é simples e direta: De que nos adianta honra e sabedoria se não aceitamos quem somos, se não usamos nosso movimento (emoções) em prol de nosso destino e personalidade. Onde colocaremos a honra sem autocontrole e auto aceitação? Por fim, quando os três caldeirões estiverem totalmente desvirados e preenchidos, teremos alcançado nossa evolução e iluminação. Entendido de fato quem somos e compreendido o mundo a que vivemos.

Essa difícil tarefa não é creditada a uma só vida. Os celtas acreditavam que era preciso várias vidas para atingir esse alinhamento final. Contudo, sabemos que podemos buscar manter Coíre Goiriath e podemos trabalhar (desvirar e encher) Coire Érmai, para que comecemos a trabalhar e a girar essa engrenagem que alinha todos os Caldeirões. Mas uma coisa há de ser sabida: assim como é possível encher os caldeirões, é possível perder seus conteúdos. Um caldeirão que não é trabalhado ou mantido, pode também voltar a virar cada vez mais de cabeça para baixo. Se isso acontece com Coíre Érmai, cairíamos numa situação de depressão. Se isso acontece com Coíre Goiriath, minguaríamos nossa vida em doenças ou culminaria em nossa morte física. Já Coíre Sois, está totalmente de cabeça para baixo, para nos lembrar que não sabemos absolutamente nada desse mundo sem antes sabermos de nós mesmos, mas mantê-lo desvirado é cair em consentimento com uma vida de ignorância.


Coíre Sois
Cabeça
Receptáculo de Bua
(honra e sabedoria)
/\
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|
Coíre Érmai
Peito
Receptáculo de Brí
(energia e emoções)
/\
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Coíre Goiriath
Ventre / barriga
Receptáculo de Dán
(saúde e destino)


Sugestões de leituras:

Seneween, Rowena A. O que são os 30 dias druídicos In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?itemid=51>.

___________________. Meditação dos Três Caldeirões In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em:  <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?itemid=45>. 


Referências:

Isarnos, Bellouesus. Dán In Bellodunon [S. I.]. Disponível em: <http://bellodunon.com/2013/03/04/dan/>. 

_____________________. Moí Coire Coir Goiriath In Bellodunon [S. I.]. Disponível em: <http://bellodunon.com/category/amergin/>.

_____________________. Muitgheal In Bellodunon [S. I.]. Disponível em: <http://bellodunon.com/2014/04/15/muirgheal/>. 

_____________________. Três Caldeirões In Bellodunon [S. I.]. Disponível em: <http://bellodunon.com/2013/03/11/tres-caldeiroes/>.  

Endovelicon. A Jornada de Máel Dúin IN Ramo de Carvalho [S. I.]. Disponível em: <http://www.ramodecarvalho.com.br/mitologia/mitologia-gaelica/a-jornada-de-mael-duin/>, acessado em 18 de agosto de 2015.

__________. Usando as Emoções para mover os Caldeirões [palestra] In VI EBDRC. Circulação interna. Curitiba, 2015.

Endovelicon & Seneween, Roweena A. V EBDRC - Aquecendo os Caldeirões In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?itemid=163&keywords=Os+Tr%EAs+Caldeir%F5es>. 

Schleichuberti, João Eduardo. Elementos Místicos do Druidismo e sua interconexão e uso prático [palestra] In VI EBDRC. Circulação interna. Curitiba, 2015.

Seneween, Rowena A. 2º Dia: Cosmologia In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?

_________________. 4º Dia: Três Reinos In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?itemid=55>.