Link Os Três Caldeirões da Poesia: o Caldeirão do Aquecimento, o Caldeirão do Movimento e o Caldeirão da Sabedoria. |
Por Ávillys d’Avalon.
Para os celtas, os Coiri Filidechta (Caldeirões da Poesia)
são parte componentes de todas as pessoas, e representam nossa missão terrena e
espiritual nesse mundo.
Três são os
Caldeirões que nos compõem: Coíre
Goiriath (o Caldeirão do Aquecimento), Coíre
Érmai (o Caldeirão do Movimento) e Coíre
Sois (o Caldeirão da Sabedoria).
Coíre
Goiriath fica
localizado no ventre, ou na barriga, é o caldeirão que serve de receptáculo de Dán (nosso dom, destino, nossa canção ou
poesia interior é o Dán que confere Brí ao indivíduo). Graças a esse
caldeirão estamos vivos e atuantes. Ele nasce em todos os indivíduos virado
para cima e cheio. Mantê-lo cheio e virado é o que nos mantém vivos, por isso
está vinculado ao mundo físico e a nossa saúde.
Coíre
Érmai fica
localizado no peito, é o caldeirão que serve de receptáculo para o Brí (nossa essência, nosso vigor, nossa
energia). Esse caldeirão está ligado a nossa missão terrena, aos nossos
sentimentos, nossas sensações. É aquilo que devemos lidar e aprimorar. Afinal, Brí é um poder inerente que pode ser
aprimorado ou atrofiado. Essa caldeirão nasce lateralmente, parcialmente
preenchido por Brí. É nossa missão
desvirá-lo para a posição correta e enchê-lo totalmente.
Coíre
Sois fica
localizado sobre a cabeça, é o receptáculo de Bua (nossa vitória, mérito, honra, dignidade e sabedoria). Esse
caldeirão está ligado a evolução ou aprimoramento que devemos buscar alcançar.
Ele representa nossa elevação humana e espiritual, nossa sabedoria muito mais
que conhecimento. Bua pode ser ganhado
ou perdido de acordo com nossas ações. Esse caldeirão nasce totalmente de
cabeça para baixo e vazio, é nossa função desvirá-lo totalmente e enchê-lo.
Coíre
Goiriath está,
portanto, relacionado ao nosso físico primordial, o que nos forma como seres
viventes desse mundo. Trabalhamos ele ao mantermos nossos ossos firmes, nossa
carne sadia e forte e nosso cabelo e pele saudáveis e atuantes como antenas,
como sensores. Ele nos confere nosso dom inicial, nosso poder pessoal, nossa
força vital, nosso Dán; e fabrica
nosso Brí, nossa energia. Esse
caldeirão precisa ser mantido corretamente virado e cheio.
Coíre
Érmai está
relacionado ao nosso lado fluído, mas essencial a vida. Por isso é regido pelas
nossas emoções e fala de nossa tarefa nesse mundo. Nos ensina que precisamos
nos aprofundar em nossa sensação, em nosso eu interior, nas nossas emoções. Sua
indicação como movimento é a ideia da fluidez das coisas. Precisamos manter
nossa mente sã, nossas emoções compreendidas e não omitidas, e ter cuidado com
o que absorvemos e enviamos. Esse caldeirão precisa ser colocado na posição
certa e completado.
Coíre
Sois está
relacionado a nossa meta, nosso objetivo, nossa iluminação, por assim dizer. É
a aquisição de sabedoria. Está relacionado com nossas decisões, nossa
personalidade, nosso foco. É preciso entendermos mais sobre nós mesmos e
desenvolver mais da capacidade que temos em todo o conjunto que chamamos de
cabeça. Esse caldeirão precisa ser totalmente desvirado e enchido.
Se Coíre Goiriath está relacionado a Terra e a Calas, nos indica que sua manutenção também está relacionada a
habilidades desse reino e elemento: solidez, estabilidade. E já nos fala
daqueles que podem nos ajudar nisso: os sídhe
(as fadas). Aprender com os sídhe que
conhecem melhor essa existência do que nós mesmos, é ajudar-nos a manter o
Caldeirão do Aquecimento, sempre cheio, pois disso depende o trabalho dos
demais caldeirões. Esse caldeirão é repleto de Dán, que é nosso dom, nosso destino e força vital. Aceitar quem
somos e nossa missão é parte indispensável para manter Dán produzindo Brí, que
encherá o próximo caldeirão.
Já Coíre Érmai está relacionado ao Mar e a Gwyar, nos fala que sua manutenção está relacionada ao reino e
elemento Mar: fluidez, movimento, emoções. E quem poderia nos ajudar nesse
processo são os Ancestrais. Nossos antepassados que deixam conosco uma carga
enorme de experiência e aprendizado em vida, que devemos aprender e recorrer a
eles para lidar com nossas emoções. Dar voz a experiência e busca-la sempre e
também buscar o afeto, o carinho que nos liga com os que já se foram. Contudo,
precisamos que Coíre Goiriath esteja
cheio, e corretamente posicionado para que, com nosso trabalho e
desenvolvimento, do Caldeirão do Movimento possa acontecer. É nosso dever
desvirar esse caldeirão e preenche-lo com Brí.
Enchido com Brí, começar-se-á a
produzir Bua, nossa honra, sabedoria e dignidade. Que será indispensável ao
próximo caldeirão.
O Coíre Sois, por sua vez, está relacionado ao Céu e a Nwyfre, e sua manutenção está
relacionado a esse reino e elemento: através da inspiração e condução. Nossos
ajudantes nesse processo são os Deuses, que são nossos grandes mestres e
mentores, nos inspirando e conduzindo pela vida. Entretanto, para começarmos a
trabalhar esse caldeirão, é preciso manter os dois outros alinhados, e
totalmente preenchidos por Dán e Brí, para que Bua comece a ser produzido. Mas não adianta apenas produzir Bua, é nossa função ainda antes desvirar
totalmente esse caldeirão para que ele possa ser um receptáculo de Bua. A mensagem que nos fica é simples e
direta: De que nos adianta honra e sabedoria se não aceitamos quem somos, se
não usamos nosso movimento (emoções) em prol de nosso destino e personalidade.
Onde colocaremos a honra sem autocontrole e auto aceitação? Por fim, quando os
três caldeirões estiverem totalmente desvirados e preenchidos, teremos
alcançado nossa evolução e iluminação. Entendido de fato quem somos e
compreendido o mundo a que vivemos.
Essa difícil tarefa não é
creditada a uma só vida. Os celtas acreditavam que era preciso várias vidas
para atingir esse alinhamento final. Contudo, sabemos que podemos buscar manter
Coíre Goiriath e podemos trabalhar
(desvirar e encher) Coire Érmai, para
que comecemos a trabalhar e a girar essa engrenagem que alinha todos os
Caldeirões. Mas uma coisa há de ser sabida: assim como é possível encher os
caldeirões, é possível perder seus conteúdos. Um caldeirão que não é trabalhado
ou mantido, pode também voltar a virar cada vez mais de cabeça para baixo. Se
isso acontece com Coíre Érmai,
cairíamos numa situação de depressão. Se isso acontece com Coíre Goiriath, minguaríamos nossa vida em doenças ou culminaria em
nossa morte física. Já Coíre Sois,
está totalmente de cabeça para baixo, para nos lembrar que não sabemos
absolutamente nada desse mundo sem antes sabermos de nós mesmos, mas mantê-lo
desvirado é cair em consentimento com uma vida de ignorância.
Coíre Sois
Cabeça
Receptáculo de Bua
(honra e sabedoria)
/\
|
|
|
Coíre Érmai
Peito
Receptáculo de Brí
(energia e emoções)
/\
|
|
|
Coíre Goiriath
Ventre / barriga
Receptáculo de Dán
(saúde e destino)
Sugestões de leituras:
Seneween, Rowena A. O que são os 30 dias druídicos In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?itemid=51>.
___________________. Meditação dos Três Caldeirões In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?itemid=45>.
Referências:
Isarnos, Bellouesus. Dán In Bellodunon [S. I.]. Disponível em: <http://bellodunon.com/2013/03/04/dan/>.
_____________________. Moí Coire Coir Goiriath In Bellodunon [S. I.]. Disponível em: <http://bellodunon.com/category/amergin/>.
_____________________. Muitgheal In Bellodunon [S. I.]. Disponível em: <http://bellodunon.com/2014/04/15/muirgheal/>.
_____________________. Três Caldeirões In Bellodunon [S. I.]. Disponível em: <http://bellodunon.com/2013/03/11/tres-caldeiroes/>.
Endovelicon.
A Jornada de Máel Dúin IN Ramo de Carvalho [S. I.]. Disponível em: <http://www.ramodecarvalho.com.br/mitologia/mitologia-gaelica/a-jornada-de-mael-duin/>, acessado em 18 de agosto
de 2015.
__________.
Usando as Emoções para mover os
Caldeirões [palestra] In VI EBDRC.
Circulação interna. Curitiba, 2015.
Endovelicon & Seneween, Roweena A. V EBDRC - Aquecendo os Caldeirões In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?itemid=163&keywords=Os+Tr%EAs+Caldeir%F5es>.
Schleichuberti,
João Eduardo. Elementos Místicos do
Druidismo e sua interconexão e uso prático [palestra] In VI EBDRC. Circulação interna. Curitiba,
2015.
Seneween, Rowena A. 2º Dia: Cosmologia In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?
_________________. 4º Dia: Três Reinos In Templo de Avalon [S. I.]. Disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?itemid=55>.