sexta-feira, 22 de setembro de 2017

300 anos de Druidismo

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Por Ávillys d'Avalon.

Em 22 de setembro de 1717, no equinócio de outono (HN), na Apple Tree Tavern, em Londres, John Toland inspirado por seu tutor, John Aubrey, fundou a Druid Order com o intuito de unir a comunidade que estudava e praticava a cultura celta em seu caráter filosófico e religioso em seu tempo. Saiba mais sobre em "Neo Pagan".
The work of organizing the assembly was undertaken by John Toland who was chosen by delegates from the Druid centres of York, London, Oxford, the Isles of Man and Anglesey,. Cornwall, Scotland, Ireland, Wales and Britlany; and elected Chief of the newly reconstituted Order.
[O trabalho de organizar a assembléia foi realizado por John Toland, que foi escolhido pelos delegados dos Centros Druídicos de York, Londres, Oxford, da Ilha de Man e Anglesey, Cornwall, Escócia, Irlanda, Gales e Britânia; e eleito chefe da nova Ordem reconstruída] 

The Druid Order was declared to be the Unifying Centre of the Druid Unity; independent of but allied to all other Druid Groves, and a Supreme Grand Council was formed having the status, not of regal authority, but of duty and obligation. A duty to maintain the unity of Druidic activity and an obligation to ensure that the Groves selflessly observed their pledge to further the cultivation of the noblest and best in man and thus work for the restoration of the Golden Age.

[A Druid Order foi criada para ser o Centro Unificador da Unidade Druídica; independente porém aliada a todos os outros Groves (bosques) druídicos, e o Supremo Grande Conselho foi formado tendo o status, não de realeza ou autoridade, mas de dever e obrigação. Dever de manter a unidade da Atividade Druídica e obrigação de garantir que os Groves, de maneira altruísta, cumprissem sua promessa de promover o cultivo do mais nobre e o melhor no homem e, assim, trabalhar para restauração da Era do Ouro.]
(Bonewits, 197?) 

A partir de sua fundação, começou-se a falar do Druidismo enquanto movimento organizado, orientado. E é desse movimento que o Neodrudisimo é herdeiro na atualidade. Hoje, celebrando seus 300 anos, o Druidismo mescla práticas históricas, reconstrucionistas, arqueológicas e modernas, reformulando e atualizando o Mezodrudismo que surgiu no renascimento.

Definir, portanto, o Druidismo é uma tarefa profundamente difícil, como diz um ditado nosso: "pergunte a dois druidas o que é druidismo e terá três respostas". Desde o início, esse movimento de união é baseado não em uma autoridade doutrinadora, mas sim em uma união das diversas representações desse movimento. Os celtas nos deixaram vastas pistas de seu passado, mas ainda muito poucas para uma compreensão realmente precisa de sua real complexidade, abrindo lacunas que só podem ser respondidas pela inspiração, o que permite que os vários grupos e movimentos de druidismo se manifestem em sua polissemia maravilhosa, mantendo em comum preceitos muito simples sustentados pela primeira assembélia e chegando até nós hoje: revivemos a espiritualidade celta e, através dela, buscamos alcançar nosso melhor e mais nobre.

Druidismo é filosofia de vida, é religião da terra, religião ou espiritualidade revivida que dialoga e impulsionou muitos movimentos religiosos e espirituais em seus 300 anos de existência. Hoje, é religião baseada no culto aos deuses (celtas) antigos, a preservação e reavivamento dos antigos costumes culturais celtas e a celebração dos festivais agrícolas. E, poderia eu o definir, baseado em três tríades poderosas que partilhamos em nossa vivência: 1) "honrar os três povos: Deuses, Sídhe (elementais), e Ancestrais" (aqui precisamos entender que falamos sempre de três "tipos" de ancestrais: os de sangue, os da terra e os de alma). 2) "Primeiro cure a si mesmo, depois cure a tribo e só então cure o mundo" (cura entendida muito além da cura física, mas passando exatamente pelo tornar-se o melhor e mais nobre possível, alinhando-se e conectando-se com os Deuses, com o Universo, com a Existência, com a Grande Canção). 3) "Estudo, prática e devoção" (uma máxima no druidismo, já que nossa fé é baseada em muito estudo, estudo esse que só tem valor se virar prática, prática essa que só chega aos Deuses se vivenciada com devoção). E o que percebo ao analisar tudo isso? Que o Druidismo enquanto movimento unitário é belamente plural, polissêmico, cheio de verdades locais, comunitárias, individuais, como certamente era a religião e espiritualidade dos antigos celtas, como certamente o é nossa espiritualidade. E o melhor disso tudo, é saber que essa unidade é possível na diversidade e que o mergulho no Druidismo é um mergulho profundo e avassalador, mas igualmente libertador. Há muita profundidade e beleza nessa espiritualidade e uma dose extraordinária de simplicidade e vivência. Saiba mais em "O Livro de Buadach".

(link e autoria da imagem)

Que essa data simbólica e bela se perpetue pela história, pois os anos de escuridão e domínio cultural e religiosidade até tentaram apagar nossa história, mas aquilo que é verdadeiro sempre estará ali, esperando para ser revivido, redescoberto! Minha eterna gratidão a John Toland e a todos que fizeram o projeto da Druid Order ser real e vivo.



Referências e indicações:

BONEWITS, Isaac. The Ancient Druid Order 1.3 in Neo Pagan [S. I.], 197?. Disponível em: <https://www.neopagan.net/AODbooklet.html>, visualizado em 18 de set. de 2017.

ECNAI, Máh Búadach Ingen. O que é Druidismo in O Livro de Buadach [Blog], 2017. Disponível em: <https://olivrodebuadach.wordpress.com/2017/05/27/o-que-e-o-druidismo/>, visualizado em 18 de set. de 2017.

ENDOVELICON. 300 in O Bosque do Javali [Blog], 2017, Disponível em: <http://obosquedojavali.blogspot.com.br/2017/09/300.html>, visualizado em 21 de set. de 2017.

THE PROFESSOR. The Druids: What Could They Do? In The Big Sutdy [blog], 2012. Disponível em: <http://thebiggeststudy.blogspot.com.br/2012/02/druids-what-could-they-do.html>, visualizado em 18 de set. de 2017.