Altar Geral - Ávillys mac Mórrigan (2017) |
Ávillys mac Mórrigan
Esse tema é algo que precisamos realmente nos ater... Druidismo, ou qualquer outra espiritualidade, sem prática são apenas palavras vazias, e damos muito valor às palavras! Praticar é preciso, e não é preciso muito para praticar.
Recupero aqui a frase inicial do livro A Semente da Bétula, de Marcelo Paschoalin: "Três coisas essenciais a um druida: ESTUDO para colocar ideias na mente, PRÁTICA para transformar essas ideias em ação, e DEVOÇÃO para que essas ações cheguem aos deuses.". E aqui temos três práticas necessárias no Druidismo: estudo, prática espiritual / social, prática devocional. E sim, estudar é uma forma de praticar.
Uma das referências do termos "Druid", seria a raiz "drui" (carvalho - draoí, em irlandês), e assim o druida seria o "homem carvalho" ou o "homem com a sabedoria do carvalho". O carvalho é uma árvore forte, resiliente e sábia, muitas vezes reverenciada como "o rei da floresta", isso porque, para além de sua altivez, ele é longevo e lento. Tem um ciclo de crescimento lento, mostrando que a paciência é o caminho da sabedoria, ou seja, muito (muito) estudo mesmo. Mas chega uma hora que saber não basta! Precisamos praticar o que sabemos, o que aprendemos, o que acreditamos. E essa prática não é apenas ritualística - na verdade é muito pouco ritualística. Essa prática é social, pessoal, íntima, coletiva. Se não praticarmos o Druidismo no nosso dia a dia também como uma filosofia de vida, como podemos nos dizer druidistas e pessoas que honram os deuses? Como honrar algo que não praticamos? Como pregar algo que não está em nossas ações?
Prática diária significa viver diariamente o druidismo, em seus preceitos, gestos, crenças, em um constante aprendizado. Sim, um druidismo nunca para de estudar, de aprender e de reformular (as vezes drasticamente) a si e suas práticas. E esse maior estudo vem da natureza, do mundo, da nossa conexão com o sagrado natural que nos antecede e nos sucederá. Só quando nossas ideias são verdadeiramente praticadas em nosso dia a dia, podemos pensar em uma prática devocional.
E não é preciso muito: agir honrosamente, de acordo com as 9 virtudes (Verdade, Honra, Justiça, Lealdade, Coragem, Generosidade, Hospitalidade, Força e Perseverança), agir respeitando o sagrado onde e como quer que ele se manifeste são práticas diárias muito fortes. Mas com o tempo, nossa prática também passa a ser reverenciar a vida, saudar as oportunides, compreender os desafios, meditar nas dificuldades. E junto com tudo isso, agradecer! E em gratidão ofertamos nossas orações, cantos, alimentos... Em desejo real nos voltamos a nós mesmos ou a nossos altares para celebrar, agradecer, encantar.
Enquanto sacerdotes, devemos entender que sacerdócio não é poder, é serviço. E que atuar para uma comunidade (seja ela bem definida ou não) é estar sempre vinculado, conectado. Não se distingue o sacerdote da pessoa, com o tempo, eles se tornam um só. Contudo, nem todos praticam visando o sacerdócio, há muitos que desejam apenas vivenciar, se devotar ao sagrado. E está tudo bem, não são mais ou menos, apenas vivenciam o chamado de forma diferentes. Esses também não se separam de seu eu religioso (somos um só em todas as nossas facetas), mas vivenciará a fé de forma mais íntima.
Minha prática diária é muito pouco ritualística... Tem mais a ver em viver as verdades druídicas em meu coração (e nisso dizem que sou muito devoto, quando me conhecem mais profundamente, se espantam com o quão religioso sou). Eventualmente, minhas práticas são devotadas ao altar ou em rituais, fazendo oferendas, agradecendo, saudando, encantando. Mas a principal delas é manter minha conexão sempre aberta e estável com o sagrado que reverencio, entendendo seus preceitos e sinais... Ainda que de forma singela, viver uma religiosidade é praticá-la diariamente.
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